Apareceu uma fissura na minha casa, e agora?
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Apareceu uma fissura na minha casa, e agora?

Esta pergunta é recorrente e preparamos uma sequência de textos para tentar orientar sobre este assunto. Iremos explicar o que é uma fissura, como proceder quando identificada, quais cuidados deve-se tomar antes de tomar uma providência, quais são os possíveis riscos e que tipos de ações são necessárias para que se dê andamento a um processo de investigação, diagnóstico e definição das intervenções que envolvem a solução de problemas associados a este tipo de manifestação patológica. Primeiramente, é preciso esclarecer que as fissuras geralmente são sintomas de outros tipos de problemas. Assim como uma febre pode estar associada a uma simples virose, insolação ou infecção mais grave, uma fissura pode ser meramente estética ou, eventualmente, estar associada deformações ou outros problemas funcionais, estruturais ou de interação com o solo. Não é nossa intenção explicar todos os fatores e intervenientes envolvidos na análise, mas sim, alertar sobre a importância de investigar corretamente quando este tipo de problema se manifesta em uma edificação e a importância de consultar um profissional habilitado, especialmente os atuantes nas disciplinas de Engenharia Diagnóstica e/ou Patologia das Construções. Sim, um Engenheiro Diagnóstico ou Engenheiro Patologista tem formação sobre estes assuntos e pode avaliar este tipo de situação de forma adequada, identificando se há suspeitas de riscos à segurança da estrutura e usuários, deficiências funcionais e de desempenho, tanto da estrutura como das vedações, e também, se há a necessidade de investigações mais detalhadas envolvendo ensaios e monitoramento. O Diagnóstico correto sobre a causa das fissuras é a pedra fundamental de qualquer solução que se apresente. Diferentes problemas, diferentes abordagens. Sabemos que na engenharia, muitas vezes não há apenas uma solução correta para determinados tipos de problemas, no entanto, existem muitas que são equivocadas! Quem nunca passou por este tipo de situação? Consulta o vizinho, o pedreiro, o porteiro. Mexe aqui, mexe ali, faz assim, faz assado e quando vê, já gastou um dinheirão e o problema continua ali, olhando para você... Quando decide pedir ajuda a um profissional, chega o Engenheiro, coça a cabeça, e pergunta... Olha, o que você pensa em fazer a respeito? Muitas vezes somos acionados quando um problema não pode mais ser gerenciado e não passa mais despercebido. Geralmente, quando um imóvel está a ponto de cair o serviço fica mais caro não é mesmo? Brincadeiras a parte, consultar um Engenheiro não é gasto, é investimento. A consulta deve ser realizada antes de qualquer outra coisa. Ao consultar um profissional, o custo evitado pode compensar aquele valor da visita técnica que muita gente reluta em pagar... Ao receber pela consulta (visita), o profissional pode olhar de perto o problema, conversar a respeito e quem sabe, com uma simples observação ou orientação te deixar mais tranquilo e seguro, encaminhando bem a solução dos problemas em outras etapas ou até mesmo, com o seu pedreiro de confiança, fazendo as primeiras coisas primeiro. Se for simples não precisa complicar não é mesmo? Um bom profissional valoriza seu trabalho, cobra pelo tempo investido e dispendido, tanto na sua formação, quanto na atenção dispensada aos clientes. Além disto, para orçar um trabalho tem que ir ao local. Fazer diferente apenas com Bola de Cristal, Viagem Astral ou por Telepatia. Voltando as fissuras, problemas estéticos são de solução simples. Problemas envolvendo função e desempenho (Vedação, estanqueidade, isolamento, etc) podem demandar tratamentos específicos e, em determinados casos, fissuras podem indicar problemas estruturais, de fundação ou de interações com solo/entorno. Respeitadas as importâncias relativas, todo Diagnóstico, por mais simples que seja, envolve um certo tipo de investigação e análise e, se necessário, o profissional pode documentar o problema na forma de Relatório, Parecer Técnico, Consultoria ou Laudo, dependendo da situação e/ou finalidade. Procedendo desta forma, é possível praticar a Engenharia da Solução! Para os Engenheiros de Problemas tudo é difícil, complicado, caro... não se dão ao trabalho de ir ao local e tudo é grave... imagine quando vêem uma fissura! Já vão para o lado dos problemas estruturais, monitoramento de recalques, ensaios do concreto... já saem com canhão para matar a formiguinha! Coitadinha... Todo Diagnóstico passa por etapas, é um processo de investigação e deve ser feito por quem entende do assunto. Quem não entende acaba falando bobagem e no final, não resolve nada, apenas turva a água e acaba complicando as coisas. Quando identifico alguma situação ou problema não usual, acabo consultando outros colegas. Em certos casos, convém contar com o auxílio de especialistas em estruturas e/ou fundações e, se realmente necessário, trilhamos o caminho técnico dos ensaios e monitoramentos até uma eventual consultoria envolvendo intervenções envolvendo soluções de reforço ou reparo das estruturas. Se for caso de fissuras em paredes, envolvendo movimentações naturais das estruturas, problemas de execução ou falhas associadas aos materiais, não precisa de nada disso! Tratar uma fissura em paredes é fácil, basta respeitar a natureza. Se está parada é de um jeito, se ainda se movimenta, é de outro. Existem diversos materiais no mercado e cada profissional pode ter suas preferências. Eu tenho as minhas. O importante é o resultado, uma parede funcional e bonita! Tratar fissuras em estruturas não é tão difícil, o problema é quando a fissura traz consigo algum tipo de comprometimento estrutural. Os procedimentos de reparo em estruturas são mais técnicos e, dependendo do caso, reforços são necessários. Podemos simplesmente “colar” as partes utilizando sistemas de injeção, no entanto, se a capacidade portante do elemento estrutural estiver comprometida ou se as deformações forem elevadas, um projeto de reforço estrutural pode ser necessário. Nestes casos, cabe a orientação técnica sobre a contratação de consultoria e projeto de reforço, executado de acordo, pois a responsabilidade sobre a estrutura reforçada passa a ser do responsável pela solução! Você paga por isso; a solução e a responsabilidade sobre ela. Quando as fissuras em elementos estruturais não afetam sua capacidade portante ou não incorrem em grandes deformações, caímos na ceara das intervenções de reparo. As estruturas de concreto armado são dimensionadas para deformar e fissurar dentro de limites pré-estabelecidos nas premissas de projeto. Quando em serviço, deformam e com o uso, estão expostas a fatores ambientais que vão lentamente consumindo sua “Vida útil”. As fissuras em estruturas de concreto armado podem acelerar este processo portanto, é mister que se proceda com o seu tratamento, não com vistas a aumentar a capacidade portante, mas sim, proteger as armaduras e preservar a vida uti residual da estrutura e, eventualmente, criar condições propicias que permitam a sobrevida da estrutura através da aplicação pinturas protetivas ou recomposição da camada de cobrimento das armaduras. Outras técnicas podem ser empregadas tais com a epassivação das armaduras através de processos eletroquímicos, mas isto ainda é uma realidade distante, principalmente em situações corriqueiras. No final das contas, o que irá fazer a maior diferença é receber a orientação adequada. Não existe atalho no processo e tudo começa com uma vistoria. Os desdobramentos devem ser encaminhados de acordo com cada caso.

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